quinta-feira, 21 de maio de 2009

Música para o coração





Ritmo, melodia e harmonia podem fazer o peito bater mais forte e feliz. Não é só papo de gente romântica, não. É a medicina de ponta que comprova e prescreve esse benefício
por KÁTIA STRINGUETO design THIAGO LYRA ilustrações ROBERTO WEIGAND
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Pode ser a batida pop de Sting, a cadência dos sambas de Cartola, as sinfonias de Mozart ou ainda os tangos com incorporações de jazz de Astor Piazzolla. Não importa. Basta ouvir aquela música preferida para que uma cascata de emoções positivas venha à tona, fazendo a gente reviver dez, cem, mil vezes uma situação prazerosa. Amplificações à parte, o que um estudo da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, acaba de provar e apresentar para a Associação Americana do Coração é que aquelas canções consideradas especiais para um indivíduo têm efeito direto sobre a saúde cardíaca. Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores resolveram medir, por meio de ultrassom, o diâmetro dos vasos sanguíneos no braço de dez voluntários saudáveis e não fumantes logo após uma sessão com suas músicas prediletas. Os participantes, no entanto, tiveram de se submeter a um jejum musical durante os 15 dias anteriores à medição, tudo para intensificar o impacto do estímulo sonoro na hora do experimento. No dia D, foi pedido a eles que levassem os hits que mais lhes causavam contentamento — o estilo country, o sertanejo à americana, foi disparado o mais escolhido na experiência. Depois de 30 minutos ao som das canções, os cientistas observaram um aumento de 26% no calibre dos vasos, um resultado bastante expressivo — para ter uma ideia, um vídeo com o mesmo tempo de duração e tiradas bem-humoradas provocaram uma dilatação de 19%. Ainda a título de comparação, audiotapes para induzir ao relaxamento causaram uma distensão de 11%. Já a barulheira do heavy metal deixou os vasos 6% mais estreitos e os voluntários, ansiosos.
Mas por que a música cala fundo no coração? “Acreditamos que esse tipo de estímulo provoque a liberação de substâncias protetoras, como o óxido nítrico, que dilata os vasos”, explica a SAÚDE! o cardiologista Michael Miller, um dos autores do estudo. “Além disso, o óxido nítrico reduz a formação de coágulos e o endurecimento das artérias”, conclui o médico, um fã confesso de jazz. Essa molécula benéfica é secretada pelo endotélio, a camada que reveste internamente os vasos. Daí, não é de estranhar que o trabalho também tenha investigado como esse tecido reage às notas sonoras. O aumento do calibre arterial permite que o sangue circule com mais facilidade, o que contribui para abaixar a pressão e levar uma maior quantidade de oxigênio para o corpo todo. “E, quanto maior a oxigenação das células, melhor o funcionamento do cérebro, do coração e do sistema imunológico”, explica o neurologista e maestro Mauro Muszkat, da Universidade Federal de São Paulo. O efeito benéfico da música começa a reverberar primeiro na massa cinzenta para, em seguida, se refletir no coração. “Ela aumenta a produção de endorfina e serotonina, substâncias produzidas no cérebro e responsáveis pela sensação de prazer, faz diminuir a liberação de cortisol, o hormônio do estresse, e, por fim, regula a frequência cardíaca”, diz Muszkat, que também é coordenador do In Music, grupo de cientistas da Unifesp que estuda a ação da música sobre o corpo. Quer ouvir mais uma vantagem de manter o MP3 ligado? No início de 2008, um estudo publicado na importante revista científica inglesa The Lancet revelou que a música contribui para a reabilitação de indivíduos que sofreram derrame. Mas que tipo de som? De novo, o que estivesse ao gosto do freguês. Entre os 60 pacientes acompanhados por dois meses, aqueles que escutaram composições do gênero “minhas preferidas” apresentaram memória verbal e atenção significativamente melhores do que o grupo que era só ouvidos para audiolivros. Outra boa notícia: o tempo exato de audição capaz de manter o coração e a mente em paz está longe de ser uma coisa do outro mundo. “Um estudo do Instituto de Montreal, no Canadá, mostrou que a exposição constante ao estímulo, por pelo menos duas horas diárias, já produz benefícios para a saúde em três ou quatro dias”, revela Muszkat. O pesquisador americano Michael Miller é mais contido na prescrição da dosagem. “De 20 minutos a meia hora de música agradável, várias vezes por semana, já é uma boa pedida”, recomenda.
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Saúde no trabalho

Saúde e trabalho: parceria perfeita
Preocupadas com qualidade de vida e com produtividade, empresas investem em programas de atividade física e de orientação nutricionalPublicado em 18/05/2009 Jennifer Koppe
A última avaliação médica dos funcionários da Ecovia constatou que um grande número de funcionários estava com sobrepeso. Mais de 55% não se alimentavam adequadamente e 30% teriam de melhorar a dieta. Para minimizar o problema, a empresa decidiu acompanhar de perto os hábitos de vida de seus colaboradores.
Hoje, todos recebem orientação nutricional e fisioterápica, que não fica apenas no discurso. Uma nutricionista acompanha de dentro do refeitório a montagem do prato de cada um. “No fim do ano, uma nova avaliação será realizada para saber se as medidas que estamos tomando surtiram efeito, mas já podemos sentir a diferença. Muitos funcionários estão mais conscientes e mudaram os seus hábitos alimentares em casa também”, conta a coordenadora de recursos humanos, Adriana Vasconcellos.
Assim como a Ecovia, várias empresas estão investindo em programas de saúde para melhorar a qualidade de vida de seus funcionários. A preocupação não é à toa. De acordo com o Mapa da Saúde do Brasileiro divulgado no ano passado, Curitiba é a sétima capital brasileira com o maior número de obesos e a sexta na quantidade de pessoas acima do peso – quase 14% da população têm obesidade e 44,9% estão acima do peso.
A alimentação inadequada e a falta de atividade física estão entre as responsáveis por esse quadro. Segundo a mesma pesquisa, apenas 17% dos curitibanos consomem as quantidades recomendadas de frutas, hortaliças e verduras, e 27,7% dos entrevistados em Curitiba foram considerados sedentários.
Primeiro passo
A avaliação de cada funcionário é o primeiro passo para descobrir como anda a saúde do ambiente de trabalho. A Paraná Clínicas faz o mapeamento da saúde dos colaboradores de diversas empresas associadas – por meio de exames de laboratório e de um questionário. “O nosso objetivo principal é mapear os riscos cardiovasculares dos funcionários”, explica a médica Deslimara Oldenburg Brito, gerente de risco da Paraná Clínicas. “Mas também avaliamos o estilo de vida de cada um. De acordo com as necessidades, os colaboradores participam de ações educacionais e em casos mais sérios, são encaminhados para a consulta com os nossos especialistas.”
De acordo com o professor de Educação Física da Universidade Positivo Jackson Silva, coordenador do Nissan Team – programa de caminhada, corrida e triathlon implantado pela fábrica de automóveis – ao dar mais atenção ao estilo de vida dos funcionários, todos saem ganhando. “A atividade física eleva a autoestima, aumenta a imunidade, melhora a disposição, diminui o estresse e consequentemente as dores no corpo. Para a empresa, isso é muito importante, pois o número de faltas relacionadas a doenças diminui, a produtividade aumenta e as relações pessoas melhoram”, explica.
O superintendente da Amil, André Madureira, concorda. “Os nossos colaboradores encaram o programa de corrida implantado na empresa como mais um benefício. Eles não precisam pagar uma academia para praticar atividade física e ainda são acompanhados semanalmente pelos assessores esportivos da Trainer. Sentimos de imediato uma melhora na comunicação entre os departamentos. O clima de trabalho melhorou muito. O programa deu tão certo na empresa que decidimos expandi-lo para os nossos clientes”, conta.
Mudança de vida
O gestor comercial da Amil, Rui Eduardo Thieme, 47 anos, treina desde 2007 e conta que nunca imaginou que conseguiria correr depois dos 45 anos. “Comecei caminhando, mas depois de três meses tomei gosto pela coisa. Hoje treino três vezes por semana e participo das corridas de rua. Os meus índices de colesterol, que estavam altos, se regularizaram e me sinto com muito mais energia”, conta.
Alzenira Pereira Souza, 59 anos, responsável pela montagem de equipamentos da empresa Arteche, também viu a sua vida mudar depois que aderiu ao programa de nutrição promovido pela Exal, empresa do ramo de alimentação responsável pela administração de restaurantes em empresas. “Parei de comer tudo o que eu via pela frente e incluí verduras, frutas e fibras e carnes grelhadas na minha dieta. Já emagreci cinco quilos e me sinto mais animada e menos ansiosa”, conta.
O idealizador do programa da Exal, o nutricionista e diretor de marketing Flávio Charles dos Santos, explica que todos os colaboradores são avaliados para se descobrir o índice de qualidade de vida de cada um e são divididos em grupos, de acordo com os problemas que apresentaram: sobrepeso, hipertensão e diabetes. “A partir dessa divisão, realizamos ações isoladas de conscientização. No restaurante, os alimentos também são divididos em grupos, para facilitar a montagem de um prato equilibrado”, explica. A empresa ainda oferece o prato Exalight, com até 25% a menos de calorias. Cerca de 4 mil funcionários já foram avaliados e participam do programa.
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